A história que se segue não é recomendada a pessoas sensíveis, a linguagem utilizada pode ferir susceptibilidades.
É uma história real, para quem não sabe o que significa quer dizer que aconteceu mesmo. Eu garanto-vos, eu vi eu estava lá. O nome das personagens foi propositadamente alterado para proteger as pessoas em questão, isto é: o Ricardo, o Nuno, o Luís, o Hélder e o António são nomes inventados por mim ao calhas para me proteger e manter no anonimato.
Outubro de 2004
Coimbra, Portugal
Eram uma vez dois caloiros que acabavam de chegar à bela e esplêndida cidade de Coimbra. Na ânsia de adquirirem conhecimento, eles vieram morar para a residência, um local mágico onde acontecem mais fenómenos estranhos do que no Entroncamento. E eis que um dia aconteceu…a primeira noite de copos em Coimbra.
A noite estava calma, até que o Luís chegou à residência desejoso de conhecer as novas aquisições da casa. Ao ver o Nuno e o Ricardo na sala o Luís fica irrequieto e pergunta logo:
- Como é c*r*lhos?! Vamos para a noite?!
Ao que os novatos responderam em couro em sinal de respeito:
- Oh grandioso Luís, tu que és uma esponja do c*r*lho*, ensina-nos o caminho para a salvação.
Na busca pelo néctar sagrado, juntaram-se o Hélder e o António. E partiram os cinco rumo à Alta coimbrã. A primeira paragem foi o Couraça, esse sítio encantador onde se pode ingerir uma bebida produzida a partir da fermentação de cereais, ao que o Luís chama carinhosamente por jola.
No entanto, rapidamente o grupo de aventureiros se começou a dividir. O Hélder e o Nuno começaram a definir qual seria a primeira tramóia de ambos. O Luís explicava ao António como era ser “O Luís”. O que significava que o Ricardo estava a ser marginalizado.
Porém, após vários metros de cerveja, o Ricardo resolveu soltar as amarras que o prendiam e interroga os presentes:
- Vamos fazer merd*?!
Ao que o experiente Luís, aclara:
- Fod*-se, tive-me a c*g*r a noite toda. Não sentiste, c*r*lho?!
Mas, o Ricardo não se deixou ficar, qual cantor à desgarrada, e contra-argumentou:
- Uma vez em Évora, chamei p*neleiro a um matulão de dois metros. E ele no seu bom-senso torceu-me o nariz.
E foi com este poderosíssimo indício de que a noite ainda estava longe de terminar que os nossos heróis partiram em busca de um local onde lhes pudessem dar abrigo e protecção. Contudo, as forças do mal já tinham desenvolvido uma das suas formas mais ameaçadoras para os jovens estudantes da cidade – a trupe.
Os cinco colegas tentaram desesperadamente livrar-se da perseguição da trupe, porém um deles foi apanhado. A trupe capturou o jovem Ricardo e o seu destino parecia traçado. Mas numa reviravolta épica, eis que um gabiru voltou atrás para salvar o pobre caloiro. O Hélder usando as suas superpoderosas quatro matrículas, virou-se para os elementos da trupe e explicou-lhes quem é que mandava ali, salvando dessa forma heróica o Ricardo.
Ultrapassado este poderoso inimigo, o imprudente Ricardo transportou às suas costas o denso Hélder para longe do perigo que ainda representava a trupe, num raro gesto de arrojo que pude testemunhar na minha vida. Porém, toda a acção tem uma reacção, e a força do Ricardo sucumbiu à carga que pesava sobre ele, e os dois companheiros tombaram, tendo o corcel se aleijado na pata.
A situação exigia medidas extremas e o Hélder com as suas capacidades de massagista analisou a perna do Ricardo. A conclusão foi instantânea:
- Ele está bem. A pata não tem nada. Eu sei ver estas coisas.
Todavia, era impossível continuar, foi necessário chamar e carregar o Ricardo para um táxi. No momento em que colocámos o Ricardo no carro, o Nuno numa acção mais rápida do que o Lucky Luke colocou-se logo dentro do veículo. O António ainda esboçou uma questão:
- Mas tu acabaste de chegar à cidade, sabes onde fica o Hospital?
Contudo, a determinação do jovem aventureiro era enorme, e o grupo dividiu-se. O Nuno e o Ricardo foram para o hospital e o António, o Luís e o Hélder para a discoteca.
Porém, quando estavam quase a chegar ao hospital, o Ricardo resolve deitar cá para fora o que vinha a remoer lá dentro, nomeadamente para cima do motorista. E foi nesse momento que o Nuno provou que fazia todo o sentido ele estar presente. Mais uma vez usando a sua super velocidade, o Nuno sacou da carteira do Ricardo, tirou 10€ da mesma, deu-os ao motorista e disse-lhe:
- Fique com o troco e não nos bata.
E enquanto dizia a frase sai com o Ricardo porta fora, ainda com o carro em movimento, num gesto de aflição para chegar às urgências. Nas urgências diagnosticaram que o Ricardo tinha torcido a patorra e que por isso teria de repousar e não poderia movimentar-se durante uns tempos. Assim, o Nuno e o Ricardo passaram a viver juntos no mesmo quarto, porém as coisas não duraram muito. Penso que o facto de o primeiro ter vomitado para cima do segundo não terá ajudado a relação, pelo que passado pouco tempo se separaram.
Os dois ainda habitam actualmente a residência, apesar de nunca mais terem partilhado um quarto. Por vezes ainda é possível observar as marcas quando o Ricardo coxeia devido à primeira vez dos dois.
Quanto às restantes três personagens desta história, terminaram a noite de um modo mais agradável, talvez porque ao contrário dos outros dois sabiam onde moravam exactamente e não andaram às voltas pela cidade, nem estiveram duas horas a tentar encontrar um caminho para chegar a casa.
FIM
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